
Depois de conhecer o aeroporto de Salvador, modelo nacional em função da concessão à iniciativa privada, através de um grupo francês, foi possível fazer uma peregrinação pela cidade de metrô, ônibus e carro para comprovar se de fato as notícias de que o seu trânsito flui fácil não eram fake news. Foi uma tarde inteira. Em nenhum momento, nem mesmo nas horas de rush, enfrentei engarrafamentos.
E por que, ao contrário do Recife, o trânsito de Salvador engarrafa pouco ou quase nada? Tão logo assumiu, em 2013, o prefeito ACM Neto (DEM) priorizou abrir viadutos, construir pontes, buscar parcerias com o Governo do Estado, através do metrô, e criar alternativas para outros meios de transportes, como bicicletas.
Diferente da capital pernambucana, as ciclovias em Salvador são abertas nos canteiros das grandes vias da cidade, que se estendem da Av. Paralela ao centro, bem como pela Orla da capital.
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Também diferente do Recife, o metrô baiano funciona a contento, depois de ficar parado por 14 anos, a espera de uma decisão política, tomada pelo Prefeito ACM Neto em 2013 em consenso com o ex-governador Jacques Wagner (PT).
Saindo do aeroporto em direção ao centro é visível a olho nu o canteiro de obras da maior intervenção no trânsito de Salvador, cuja primeira etapa já tem um viaduto em funcionamento: o BRT (Bus Rapid Transit) Salvador, sistema rápido de transporte público que já existe em mais de 200 cidades de todos os continentes.
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As vias que ligam esses dois pontos passam pelo meio da cidade, que não comportam mais o crescimento do número de veículos nas ruas. Por isso, para a implantação do BRT, a Prefeitura constrói viadutos, elevados, ciclovias e linhas exclusivas para melhorar a vida dos usuários do transporte público e, ao mesmo tempo, desafogar o trânsito nesta região.
Segundo levantamento feito em pesquisa realizada sobre Origem/Destino, a área onde o BRT vai passar é uma das mais críticas em mobilidade urbana em Salvador. Já são cerca de R$ 100 milhões investidos na implantação do primeiro trecho ligando o Loteamento Cidade Jardim ao Shopping da Bahia. O segundo trecho ligando do loteamento Cidade Jardim à Estação da Lapa já se encontra em fase final de licitação.
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Também estão sendo erguidas as sustentações que serão instaladas nas imediações do Cidadela. Esse primeiro trecho do BRT Salvador inclui ainda as obras do viaduto a ser feito nas proximidades do Shopping da Bahia. Uma das propostas do BRT é eliminar semáforos da região, o que promete fazer com que o fluxo no trânsito flua com maior facilidade.
Com 2,9 km de extensão, o trecho 1 do BRT permitirá, por exemplo, que os passageiros dos ônibus possam sair do final da Garibaldi (sentido Rio Vermelho), passar por uma das vias expressas e chegar ao início da Avenida Paralela sem passar por nenhuma sinaleira.
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Os veículos do BRT terão capacidade para transportar 31 mil passageiros por dia e reduzirá até 42% do tempo, em relação ao ônibus comum. A expectativa é que o percurso entre a Estação da Lapa e a região da rodoviária seja feito em até 16 minutos. Ao apagar das luzes de 2019, o prefeito entregou 70 novos coletivos com ar-condicionado como parte do programa de melhoria do atual sistema.
Já os ônibus do BRT poderão ser do tipo articulado, com até 23 metros de comprimento e climatizado, com capacidade para até 170 pessoas. O BRT terá capacidade de beneficiar até 31 mil pessoas por hora, em horários de pico. Os veículos do BRT operarão a uma velocidade comercial de 25 a 40 km/h. Os tempos de percurso serão significativamente reduzidos se comparados aos atuais níveis de operação.
Além da revolução do sistema BRT, que Recife renega, depois de investir R$ 400 milhões, Salvador faz a integração do seu trânsito com um novo conceito de terminal de passageiros: a chamada Estação Lapa, concedida em 2015 à iniciativa privada, com investimentos da ordem de R$ 20 milhões. Um ano após, em 2016, a nova estação foi entregue totalmente requalificada, contemplando 500 mil pessoas que passam diariamente pelo local.
O maior terminal de passageiros do Nordeste tem banheiros climatizados, escadas rolantes, elevadores, sistema de combate a incêndio, central de monitoramento por câmera, sistema de sonorização e muitos serviços outros que garantem conforto e comodidade dos usuários. A estação Lapa tem uma área de 43.635 metros quadrados e conta com a operação de 48 linhas, com a circulação de 174 coletivos por hora.
Pelo terminal, transitam 509 ônibus que pertencem a 107 linhas do transporte público da cidade. As obras foram executadas pelo consórcio Nova Lapa, que venceu o processo de licitação para administrar o terminal durante 35 anos. “A estação estava abandonada, destruída, não funcionava. O subsolo era uma fedentina. A estação não oferecia conforto para ninguém”, revela o prefeito ACM Neto.
Segundo o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, painéis eletrônicos instalados na estação mostram o tempo de previsão para a chegada dos ônibus e a indicação da plataforma em que passam cada uma das linhas de ônibus. O principal diferencial da estação, segundo ele, é a estrutura de acessibilidade para os usuários. “Nós temos mais de 2 km de piso tátil, corrimão infantil e para adultos. Nenhuma estação do País tem os equipamentos de acessibilidade que temos hoje”, afirmou. O terminal também recebeu esquema de segurança, com atuação de 74 funcionários e cerca de 100 câmeras de monitoramento, além de iluminação com 450 lâmpadas.