Folha de S.Paulo

"Sou diferente de todos os presidenciáveis que estão aí. Quem declara voto em mim dificilmente mudará. Não havendo fraude, com certeza estarei no segundo turno", afirmou.
O pré-candidato diz contar com a simpatia de grupos específicos, como os evangélicos, os que querem ter arma em casa e setores do agronegócio.
Acredita, no entanto, que as eleições em urnas eletrônicas no Brasil não são limpas, e por isso defende a impressão do voto.
Bolsonaro participou de uma série do programa "Canal Livre" com os presidenciáveis. Foi entrevistado pelos jornalistas Fabio Pannunzio, Fernando Mitre, Julia Duailibi, Sérgio Amaral e Mônica Bergamo, colunista da Folha.
Por quase uma hora, tratou de temas como economia, segurança pública e a relação entre Executivo e o Congresso.
Questionado sobre manifestações pelo país que defendem o autoritarismo, disse que nunca pregou uma intervenção militar.
"Mas se chegarmos ao caos, as Forças Armadas vão intervir para a manutenção da lei e da ordem", afirmou, ecoando comentário similar do general Antonio Hamilton Mourão em setembro deste ano.
Bolsonaro disse ser favorável à privatização de estatais, mas defendeu que cada caso específico seja analisado com cuidado. Vê com receio, por exemplo, a entrada de capital chinês no país. "A China não está comprando do Brasil, e sim o Brasil."
Bolsonaro fez críticas à Folha ao ser questionado a respeito de um levantamento de sua carreira no Congresso publicado pelo jornal. O texto revela que, a despeito do discurso liberal adotado recentemente, ele votou com o PT em temas econômicos durante o governo Lula.
"A Folha não é referência de nada. Não atendo mais a Folha. Eles deturpam tudo."
Na conversa Bolsonaro afirmou ainda ser imune à corrupção e que, em caso de vitória, não seguirá o modelo "toma lá, dá cá" para distribuir cargos.
Comporá um eventual ministério, afirmou, guiado apenas por critérios de competência, sem buscar agradar movimentos feministas, negros ou LGBTs.
Quanto a este último ponto, criticou a discussão de gênero nos colégios.
"Eu quero que todos, inclusive os gays, sejam felizes, mas que esse tipo de comportamento não seja ensinado nas escolas", argumentou. "Os pais querem ver o filho jogando futebol, não brincando de boneca por causa da escola."
Ao tratar o tema da segurança pública, um dos principais eixos de seu discurso, defendeu maior rigor e a adoção de medidas enérgicas no combate ao crime.
"Se morrerem 40 mil bandidos [por ano, por ação da polícia], temos que passar para 80 mil. Não há outro caminho. Não dá para combater violência com políticas de paz e amor", afirmou.
"Preso não deve ter direito nenhum, não é mais cidadão. O sentido da cadeia não é ressocializar, mas tirar o marginal da sociedade."
No encerramento do programa, em suas considerações finais, Bolsonaro afirmou que o Brasil "precisa de um presidente honesto que tenha Deus no coração".
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