A megaoperação policial realizada esta semana no Rio de Janeiro devolveu à extrema direita brasileira discurso e mobilização. Nos últimos meses, o grupo político opositor ao presidente Lula (PT) vinha patinando na mídia, sem articulação e com pautas que não interessavam diretamente à população, como a anistia aos golpistas do 8 de janeiro de 2023.
Muita energia foi gasta com a tentativa de salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da prisão, sem sucesso, porque o ex-chefe do Poder Executivo vai, sim, enfrentar as consequências de seus atos, assim como seus aliados que tentaram invalidar as eleições de 2022.
Também não pegou bem a investida do filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), contra a soberania do Brasil, articulando, dos Estados Unidos, tarifas ao país e sanções para autoridades. O resultado foi a aproximação entre os presidentes Lula e Donald Trump, o que esvaziou o discurso bolsonarista.
A sequência de derrotas políticas recentes da extrema direita brasileira também inclui a rejeição da chamada PEC da Blindagem no Senado, que, embora tenha recebido alguns votos da esquerda, foi majoritariamente apoiada pela direita e pela extrema direita. Maior bancada da Casa, com 88 deputados, o PL teve 83 votos favoráveis à proposta.
A falta de consenso entre os presidenciáveis da direita sobre quem será o herdeiro dos votos bolsonaristas em 2026 também corrói a mobilização para as eleições do ano que vem. Sem Jair Bolsonaro indicar o nome que apoiará contra Lula, já que está inelegível, resta aos filhos dele a rota de colisão com a esposa, Michele Bolsonaro (PL), porque tanto Eduardo Bolsonaro quanto Michele querem se candidatar.
Aos governadores que pretendem lançar seus nomes ao cargo de presidente contra Lula, surgiu, com a chacina dos complexos da Penha e do Alemão, a oportunidade de emplacar um discurso sobre segurança pública. Foram rápidos e já deram início à mobilização, reunindo-se, na última quinta-feira (30), com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
Participaram do encontro os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Eduardo Riedel (PP), do Mato Grosso do Sul; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, que participou de forma virtual, além de Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal.
Eles debateram estratégias conjuntas de enfrentamento ao crime organizado e criaram o fato político que deve ajudar a reorganizar o discurso, que será de tolerância zero com o narcotráfico. Se esse novo fato vai produzir resultados concretos na segurança pública e também ajudar a extrema direita nas eleições, só o tempo será capaz de dizer.

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